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Citamos este exemplo só para refletirmos um pouco sobre o fato de que não saber distinguir as coisas pode nos deixar em sérios em apuros. Se não soubermos a diferença entre um Leão e um gato, podemos correr o risco de confiar no Leão, pensando que ele é manso como um gato, ou de correr de um gato, pensando que ele é feroz como um leão.
Este é um tipo de erro que, embora pareça ser muito burlesco, normalmente acaba sendo cometido por nós, que somos a igreja de Cristo na Terra. Infelismente não é muito difícil achar alguém que não saiba a diferença que existe entre um seguidor de Jesus e um discípulo de Jesus.Temos uma tendência fortíssima de qualificar aquilo que Cristo não qualificou e chamar de servos de Deus àqueles que Jesus não chama de Seus. Fazemos isso muitas vezes, olhando para aparências e dons, achando que qualquer pessoa que freqüente a igreja por um bom tempo está em condições de ser chamada de servo de Cristo.
Olhando para o capítulo 16 do primeiro livro de Samuel, percebemos que o grande profeta comete um erro parecido com este.
“E sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe, e disse: Certamente está perante o Senhor o seu ungido. Mas o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque eu o rejeitei; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem olha para o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.” (1Sm.16:6-7)
Se Samuel não tivesse a sensibilidade que tinha para discernir o som da voz de Deus, teria escolhido Eliabe para governar sobre Israel e não a Davi. Da mesma maneira, se não entendermos claramente a Palavra e a voz de Deus, certamente escolheremos de maneira errada àqueles que ministrarão conosco e sobre nós.
Porém, como escolher de forma correta? Como discernir quem é adorador e quem não é, já que só Deus vê o coração? Como julgar isso, já que o próprio Jesus nos fala pra não julgarmos?
Realmente, em Mt.7:1 Jesus nos fala pra não julgar. Porém no mesmo capítulo, com o mesmo contexto, Ele também diz:

“Julgar” é emitir uma sentença equivocada, condenando ou absolvendo alguém sem ter conhecimento real do fato. É dar uma opinião sobre algo ou alguém que você não conhece muito bem.
Porém, “ se guardar” é ter cautela antes de tomar decisões. É observar os frutos e as atitudes de uma pessoa que se diz cristã, para saber se ela verdadeiramente serve a Cristo.
Por não nos guardarmos dessas coisas, cometemos erros graves, confiando o serviço de Deus aos que ainda não apresentam em sua vida as características de um discípulo de Jesus.

Jesus ensinou a diferença enorme que existe entre um seguidor e um discípulo Seu.
Seguidor é aquele que está apenas acompanhando aquilo o que Jesus está fazendo e escutando o que Jesus está falando, entretanto não obedece todas as suas ordens e nem abre mão de tudo por Sua causa.
E o discípulo?
Para sabermos sobre um discípulo, vamos analisar bem o que o Mestre diz e quem verdadeiramente está autorizado a dizer que é discípulo dEle, pois muitas pessoas que o seguiam, após ouvi-lo ensinar sobre este assunto acabavam chegando à conclusão de que não eram discípulos verdadeiros.
Jesus procurava deixar uma coisa bem clara para todos os Seus ouvintes:
"Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me."(Lc.9:23)
“Ora, iam com ele grandes multidões; e, voltando-se, disse-lhes: Se alguém vier a mim, e não aborrecer a pai e mãe, a mulher e filhos, a irmãos e irmãs, e ainda também à própria vida, não pode ser meu discípulo.Quem não leva a sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo.... Qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.” (Lc.14:25-27;33)
No texto acima, Jesus emite um alerta às multidões que o seguiam para que ninguém fizesse isso de maneira equivocada, motivado apenas por uma atração intelectual, modismo ou interesses políticos e religiosos. Para que todos soubessem que Ele não estava enganando a ninguém, o Mestre deixou bem claro que seus candidatos a discípulos teriam antes que fazer uma séria avaliação (Lc.14:28-33) para ver se de fato teriam condições de seguir adiante em suas decisões, pois servi-lo exige uma radical renúncia interna, que implica em dar menos importância a qualquer outra coisa para dar prioridade total àquilo que Jesus ordena. Prioridade total implica em fazer coisas que nós não gostaríamos de fazer ou abandonar aquilo que tanto gostamos por amor ao Senhor.
Neste momento, quero te encorajar a se imaginar no meio daquela multidão ouvindo essas duras condições. Pense nos possíveis questionamentos surgindo no meio do povo:
UMA SÉRIA REFLEXÃO

__ Não!Isso é muito pesado pra mim! Amar mais a Jesus do que à minha mãezinha e renunciar todas as tradições de família que meus pais me ensinaram por causa dEle?! Não consigo!
Ou um jovem que diz:
__Não posso aborrecer minha esposinha linda por causa desse homem!E se ela me convidar para uma noite romântica, preparar aquela roupinha especial e Jesus vir me pedir para eu sair e ajudar alguém, como é que eu fico?
E outros dizendo:
__ E minha farra com os amigos? E minha diversão? E o meu futuro? E as minhas coisas...
E você? Qual seria o teu questionamento? Você permaneceria? Se a tua resposta é “não”, fique livre para não continuar mais essa leitura, porém se a tua resposta for “sim”, então quero te encorajar a prosseguir lendo.
Veja parte dessa multidão voltando pra casa decepcionada e outros que creram em Jesus e fizeram uma séria avaliação, permanecendo dispostos a negar a si mesmo, renunciar a tudo, tomar a cruz para se tornarem Seus discípulos. É exatamente para estes que o mestre se volta e determina uma segunda condição para que eles pudessem ser chamados “verdadeiramente de discípulos”:
“Dizia, pois, Jesus aos judeus que nele creram: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos” (Jo.8:31)
__ Não basta renunciar a tudo e fazer algumas coisas que Ele pede?! Ainda preciso permanecer obedecendo a tudo o que Ele mandar? Mas e se Ele me mandar fazer àquilo que eu não quero fazer? E se alguém fizer uma injustiça comigo e eu quiser revidar e Ele me mandar ficar calado? (1Pe.2:19-21) E se Ele me mandar permanecer casado com uma pessoa que eu decidi me separar ou me pedir pra ficar sem casar? (1Co.7:10-11;Lc.16:18) E se eu cansar desse negócio de ser discípulo e Ele me mandar continuar? (Hb.10:38)
E você? Qual seria tua posição após ouvir isso do Mestre? Você continuaria ao lado dEle? Se a tua resposta é não, gostaria de te agradecer pela atenção, porém se a tua resposta for “sim”, então continue lendo...
Repare que após isso a multidão já começa a diminuir consideravelmente. Mas ainda assim, veja poucas pessoas decididas permanecendo. É para estes que o Mestre dá a Sua condição definitiva para que estes possam permanecer sendo chamados de discípulos:
“Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.” (Jo.15:8)
Dentre muitas manifestações interiores de submissão e obediência ao senhorio de Cristo, dar fruto é a principal prova externa para que as pessoas possam perceber que somos ou não discípulos de Jesus.
“Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.” (Mt.7:20 )
(ver também Mt.12:33;Mt.7:16-20;Mt.13:23;Mt.21:43;Jo.15:2)
Porém, o texto de João 15 não fala de um fruto, e sim muito fruto. E analisando pela ótica de Sua palavra, Jesus está falando de pelo menos três tipos de fruto que devem ser vistos em abundância na vida dos Seus discípulos:
1) FRUTO DE ARREPENDIMENTO - (Mt.3:8;Lc.3:8) É o fruto que apresentamos como prova de que a nossa mente mudou em relação ao pecado. Se antes não nos importávamos em fazer o que é certo e justo, após o arrependimento nós agora procuramos restituir, perdoar, procurar o perdão e ser justos com todos. Por isso este fruto também pode ser chamado de Fruto de Justiça (Tg.3:18; Fp.1:11)
2) FRUTO DO ESPÍRITO (Gl.5:22) É o amor, manifestado através das atitudes que temos para como o próximo de humildade, bondade, fidelidade, domínio próprio, paciência, gentileza...Essas são as boas obras que o Pai criou para que andássemos nelas (Ef.2:10)
3) FRUTO DE MULTIPLICAÇÃO (Mc.4:8; Mt.13:23) Apesar de não termos este nome explícito na Palavra, Ele está facilmente subentendido na parábola da semente. Ou seja, alguém que recebe a semente do evangelho do Reino (que são as palavras do Jesus) e permanece nessa palavra, funcionará como boa terra, passando a semear as mesmas palavras que ouviu do mestre para gerar mais frutos para Deus.

Fico imaginando o conflito desses homens ao ouvirem Jesus afirmar essas coisas...
Aos nossos olhos pode parecer algo muito radical, exigir tais renuncias. Porém pense bem: o que é renunciar as nossas coisinhas diante daquele que renunciou a glória que tinha com o Pai por amor a mim e a você? O que é abandonar o pecado, diante daquele que mesmo nunca conhecendo o pecado,ainda assim se fez pecado por nós, quando ainda éramos pecadores.

"Uma coisa te falta; vai vende tudo quanto tens..."(Mc.10:21)
Amo vocês em Cristo!
OBS: Se este tema despertou a tua atenção e você deseja aprender mais sobre, aconselhamos que assista a esta esclarecedora ministração do discípulo Marcos Moraes.