REFLEXÃO | O DESEJO SEXUAL


Desde os primórdios da queda de Adão a culpa habita a essência da humanidade como uma força limitadora. E como o sexo é o clímax sensitivo de todas as nossas experiências, ele foi o ponto principal de quase todas as neuroses humanas.  Por esse motivo tal tema dificilmente é abordado nos púlpitos, gerando, pela falta de conhecimento e informação,  ainda mais destruição, medo e traumas. Muitos sofrem quietos temendo serem vistos como imorais por mencionarem suas angustias na área; já outros preferem manter a postura do "politicamente correto" para não serem julgados como pervertidos por tratarem o assunto de forma tão natural quanto preparar uma refeição. O fato é que o desejo pauta o consumo, a publicidade, a competição e as relações amorosas e só isso já seria motivo suficiente para darmos a esse texto a devida importância. 

A excitação é uma coisa tão forte que Paulo afirma que existem pessoas incapazes de conte-la (1 Co 7:9). Quando aconselha que “é melhor casar do que abrasar-se”, ele define que para os solteiros carentes a melhor solução é o casamento. Aos casados ele também aconselha a “não privação sexual”, alegando que a incontinência (dificuldade em se conter) pode se tornar uma arma na mão do diabo contra o próprio casal. Olhando para estes conselhos, penso ser uma ingenuidade achar que todas as pessoas conseguirão reprimir seus desejos sexuais apenas com um banho gelado, pensamento positivo ou oração. Na verdade, a ciência explica que para se entrar em estado de excitação basta sentir um estímulo que se associe a uma situação prazerosa guardada na memória, para que o córtex cerebral tome a decisão de liberar substâncias que vão excitar o sistema nervoso e gerar o que chamamos popularmente de tesão. Quando se chega neste estado os hormônios começam a trabalhar, diminuindo nossa capacidade de raciocínio lógico na expectativa de saciar seu apetite, e o corpo reage de forma semelhante a quando estamos famintos (já tentou resolver um problema matemático quando estava com muita fome?).   

Clique e veja a declaração a partir de 4:29
Conheço pessoas que se sentem muito acusadas com seus desejos sexuais. Outras usam Mateus 5:28-29 para alegar que se sentir excitado por alguém com quem não se seja casado é pecado. Mas, segundo o teólogo Ed René Kivitz, não é isso que o texto nos informa. Parafraseando o que ele disse em seu vídeo (Talmidim 2014 #11 Sermão) o que o Mestre chama de pecado de adultério seria aquele “Ô lá em casa...Aí se eu te pego” que uma pessoa casada pronuncia em seu coração para alguém que lhe sirva como possível amante. Porém, isso não quer dizer que Jesus afirmou que não devemos ou não podemos apreciar ou se excitar ao ver uma pessoa bonita. O que não podemos é maquinar relações extraconjugais e substituir o lugar de honra do cônjuge pela a fantasia de posse do outro.  É o próprio pastor quem afirma no vídeo: “apreciar ou desejar é uma expressão de saúde. Uma pessoa que não tem desejos e não aprecia aquilo que é belo perdeu as condições saudáveis de vida. O belo faz parte do mundo criado por Deus, e o desejo é uma resposta à beleza que Deus imprimiu em sua criação. Aliás, a garantia de que eu vou desejar a minha esposa é que eu desejo mulheres quando as vejo”. 

O desejo aqui citado está ligado ao impulso pela satisfação que remete à carência de todo o ser humano. Lembra daquele estímulo involuntário que você sentiu quando viu alguém sexualmente compatível? Pra uma mente saudável isso quer dizer apenas que você é uma pessoa absolutamente normal. 

Todos nós temos carências e por isso temos desejos. Se não carecêssemos de nada não desejaríamos nada e seriamos perfeitos. Por isso o próprio Criador decidiu que um ser humano sadio deveria ter outra companhia além de Deus. A frase “Não é bom que o homem esteja só” de Gênesis 2:18 nos revela essa expressão da graça divina ao criar uma “ajudadora idônea” para que o homem carente pudesse encontrar descanso pros seus desejos.

Por isso digo aos casados: estejam sempre preparados para acolher um ao outro, principalmente naqueles dias em que um dos dois vivenciarem situações de despertamento da libido. E deixem de lado os entraves carnais do ciúme. Pessoas saudáveis se excitam naturalmente e isso nada tem a ver com traição ou outras preferências, mas sim com a carência sexual humana que precisa ser constantemente suprida num leito sem máculas e coberta pelo amor.

Aos solteiros digo também: não se penalizem por sua excitação.Apenas tomem cuidado para não se deixar dominar por ela, pois o mesmo desejo que constrói e estabelece o homem pode destruir seus valores, suas crenças, sua reputação, seu caráter e o seu futuro. Sábio é aquele que sabe discernir o momento de renunciar suas vontades para trabalhar e viver bem em comunidade. Não jogue fora uma vida inteira por apenas alguns minutos minutos de prazer irresponsável. Ouça o conselho dos seus pais e mestres, e faça as suas escolhas de maneira muito cuidadosa, colocando sempre a decisão nas mãos do Espírito Santo. 

Se queremos percorrer a jornada da vida sem traumas, neuroses ou culpas devemos procurar a proteção de Deus para os nossos desejos sexuais: Um casamento saudável.

Glauber Morada
Casado e feliz com Michelle Morada desde 2003















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